QUEBEC: O LADO MAIS FRANCÊS DO CANADÁ

Quebec e sua história

Quebec é uma das dez províncias do Canadá, sendo a mais extensa e segunda mais populosa delas, com cerca de 24% da população do país

A maior cidade da província de Quebec é Montreal, que é também a segunda maior do país, mas a capital da província é a Cidade de Quebec.

O Quebec é a única província canadense com uma maioria francófona, mais de 80% da população fala francês como língua oficial, mas é também a província com a maior porcentagem de bilinguismo, 42,6% da população e 61% dos jovens francófonos.

Como nos sentimos na região

Quando resolvemos ir visitar Quebec, treinamos aquelas frases básicas em francês, com propósito de nos relacionarmos bem. O que foi desnecessário, uma vez que fomos absolutamente bem recebidos.

Quando falamos que os quebequense é  “francófonos” e que eles hostilizam os “anglocófonos”, estamos sendo super limitados. Comparativamente é como a relação de brasileiros e argentinos. Ela existe? Acredito que mais no inconsciente coletivo que vida real.

Apesar de ser inegável que ainda exista um certo “ranço” gerado pelos anos de conflitos entre os povos no longo período de colonização dessa região.

Quer compreender um pouco mais de toda essa origem?

Em resumo, convido você a mergulhar na história do Quebec e conhecer a história por trás de vários pontos turísticos que você irá passar quando visitar essa província maravilhosa.

HISTÓRICO DA COLONIZAÇÃO FRANCÓFONA E ANGLOFONA

O nome Quebec significa “onde o rio se estreita”, em referência ao trecho estreito do Rio Saint Laurent.

A região onde hoje está a província de Quebec, era habitada por três tribos nativo-americanas. Os Inuits (que popularmente chamamos de esquimós), os iroqueses e os algonquinos. Os inuit viviam no extremo norte do atual Quebec, enquanto as tribos algonquinas e iroquesas viviam na região sul do Quebec, próximas ao vale do Rio Saint Laurent.

O primeiro europeu a explorar o interior do Quebec foi o francês Jacques Cartier, que veio a região em busca no novas rotas comerciais. Ele navegou o Rio Saint Laurent, que cruza toda a província do Quebec até Ontário. E logo fundou três assentamentos em pontos onde atracou. Que foram: Gaspé, a Cidade de Quebec e Montreal.

Logo em 1608, com o apoio do Rei Henrique IV da França, Samuel de Champlain fundou Quebec e  rapidamente aliou-se com os nativos americanos algonquinos e montagnais, moradores da região, que estavam em guerra com os Inuits, que moravam ao norte da província de Quebec.

O Rei Hernique Champlain tornou a região base das colônias francesas na América do Norte, e batizou a região como Nova França.

A IMPLANTAÇÃO DA NOVA FRANÇA NO QUEBEC

Entretanto, a implantação da colonização não foi fácil. As distâncias, o clima e os constantes ataques dos inuts e ingleses dificultavam muito a permanência e desenvolvimento na região.

Por todos esses motivos, durante as primeiras décadas da existência do Quebec, pouquíssimas centenas de colonos viviam na região.

Por outro lado, a colonização inglesa no sul do país, conjuntamente com a colonização do que hoje é os Estados Unidos, ia de vento em poupa. O que tornou a região mais prospera e populosa.

Preocupado com a fragilidade da colônia, em 1627, o governo Francês criou benefícios para atrair investidores para a Nova França. Assim, Quebec se transformou em uma importante colônia mercantil.

Período em que Champlain foi nomeado o primeiro governador do Quebec.  Por isso tantas praças, ruas e estátuas em sua homenagem.

O desenvolvimento da colonização Inglesa no sul e os conflitos no Quebec

Ao mesmo tempo, porém, as colônias inglesas ao sul começaram a expandir-se ao norte, em direção do Vale do São Lourenço. Como consequência, em 1629, o assentamento de Quebec foi capturado, ficando sob controle inglês até 1632. Por conta disso, Champlain, então, ordenou a Sieur de Laviolette que fundasse outro posto comercial, que atualmente é a cidade quebequense de Trois-Rivières.

O lado francês ao norte de Quebec

Logo após a morte de Champlain, em 1635, a região de Quebec foi dominada pela Igreja Católica. Tornando a região mais frágil, uma vez que, apesar de abastada a igreja não tinha potencial bélico.

AH! Então é em decorrência disso que vemos tantas igrejas construídas na região? Sim. É impressionante a quantidade de igrejas na cidade de Quebec e em Montreal.

Em 1650 a Nova França foi dominada pelos iroquenses, que eram aliados aos ingleses.

Em 1665 o governo Francês resolveu enviar tropas militares para retomar o poder da que viria a ser a Nova França. Retomaram o poder, constituindo o governo da Nova França, que deixou de ser apenas uma colônia gerenciada pela igreja católica.

Antes de mais nada compreenda onde os índigenas norte americanos viviam e como foi a evolução da transformação do Canadá até os dias de hoje.

Quebec
Quebec

CONFLITOS E GUERRAS ENTRE OS COLONIZADORES

Em 1689, os ingleses e os iroqueses invadiram a Nova França. Esta guerra ficou conhecida como: a Guerra do Rei William, e só terminou em 1697.

Em seguida um novo conflito se instalou na região, a Guerra da Rainha Ana, em 1702 e novamente a região lutava para se manter nos domínios franceses. Nesse período Quebec sobreviveu às invasões anglo-iroquesas em ambas as guerras, mas Port Royal e Acádia passaram ao controle inglês em 1690.

Em 1713, o Tratado de Utrecht estabeleceu relações de paz entre a Inglaterra e a França — o custo aos franceses foi a perda definitiva da Acádia, da Terra Nova e Labrador — os franceses continuariam a ter controle sobre a histórica Louisiana, e os territórios que formam atualmente as províncias canadenses de Quebec, Ontário, Ilha do Príncipe Eduardo e Nova Brunswick. (veja o mapa)

Desenvolvimento das colônias francófonas

Após a assinatura do tratado, a Nova França começou a prosperar economicamente. Nesse ínterim, indústrias como: a pesca e a agricultura, que haviam sido medíocres, começaram a crescer.

Simultaneamente, foi construída uma estrada que ligava Quebec á Montreal. Imediatamente, novos portos começaram a ser construídos, e logo após, centros portuários mais antigos foram modernizados.

Por conseguinte, o número de colonos aumentou bastante, e por volta de 1720, toda a região que constitui a província do Quebec saiu de 3250 para 24 594 habitantes.

A Igreja Católica ainda mantinha controle sobre a educação e programas de ajuda social na Nova França. Esses anos de paz ficaram conhecidos como, a “Idade de Ouro” da Nova França. Uffa!!

Mas não é só isso…  Em 1744 os britânicos atacaram novamente as colônias francesas, que na época já tinham mais de 50.000 habitantes. O maior problema é que o lado inglês, muito desenvolvido, continha mais de 1.000.000.

Retomada pelo Reino Unido

Em 1758, o Reino Unido capturou o Forte Louisbourg, que ficava na entrada do Rio São Lourenço. Logo depois, o envio de novas tropas por parte da França às colônias francesas foi interrompido. Ocasionando no isolamento da região, o que foi “caixão e vela preta” para a Nova França.

Em 1759, os britânicos cercaram a Cidade de Quebec pelo rio, uma vez que derrotaram os franceses. Essa batalha ficou conhecida como: a Batalha dos Campos de Abraham, em setembro do mesmo ano.

Por consequência, os soldados em Quebec ficaram sem saída, uma vez que foram abrigados a se render em 18 de setembro.  Consequentemente, e um ano depois, em 1760, todo o norte da Nova França (atual Ontário, Quebec, Nova Brunswick e Ilha do Príncipe Eduardo) havia sido dominado pelos ingleses.

Como se não bastasse, o último governador da Nova França, Marquis de Vaudreuil-Cavagnal, também teve que se render aos britânicos. E em 8 de setembro de 1760, os franceses cederam o Canadá aos ingleses.

A REBELIÃO FRANCESA

Em 1837, colonos franceses iniciaram uma rebelião.

Até esse período ainda existia o Canadá superior e inferior. O lado Anglófono acreditava que “impor” a cultura e a língua inglesa iria extirpar de vez os pensamentos e anseios francófonos da cabeça dos colonos franceses.

Em 1841, foi criada uma província única no Canadá, formado por um número igual de francófonos e de anglófonos.

Porém, a população anglófona da província, que sempre foi muito mais numerosa, crescia mais rapidamente do que a francófona. O que acabava sempre resultando em  atritos entre as partes. 

Divisão das colônias canadenses

Os britânicos dividiram a Nova França em três províncias coloniais: as províncias de Nova Brunswick, Nova Escócia e do Quebec. Entretanto, esta última localizada onde hoje é Ontário e do atual Quebec (olha a evolução do mapa acima).

Portanto os britânicos permitiriam aos colonos franceses a liberdade de expressão religiosa e idiomática. Permitindo assim, que o catolicismo e a língua francesa sobrevivessem no Quebec.

Mesmo embora,  historicamente e de fato, os britânicos sempre tentassem impor a cultura francesa à cultura britânica.

Em 1776 os Estados Unidos declaravam sua independência do Reino Unido. Com o fim da guerra e a independência dos Estados Unidos, vários colonos anglo-americanos leais ao Reino Unido foram para o sul as províncias do Canadá.

Precisamente, nas colônias de Nova Brunswick e Nova Escócia. Porém, a maioria se instalou no sul da província colonial do Quebec.

Logo, a população do sudoeste da província tornou-se majoritariamente anglófona. Mais conflito sendo criado. Para tentar resolver este problema, o Reino Unido dividiu a província do Quebec em duas partes, a parte sul e nordeste.

O DESENVOLVIMENTO DAS PROVÍNCIAS

A parte nordeste, onde hoje é o Quebec passou a se destacar como o centro econômico do Canadá a partir da década de 1830.

Em 1825, o Canal de Lachine foi inaugurado, permitindo a grandes navios navegarem o Rio São Lourenço, ao longo da Ilha de Montreal. Transformando Montreal em um dos maiores centros portuários da América do Norte.

Ferrovias e estradas foram construídas, e Montreal passou a se destacar também como o principal polo industrial, ferroviário e bancário do Canadá.

Em 1865, as províncias foram finalmente dividida em duas, o que forma hoje as províncias de Ontário e Quebec. E em 1 de julho de 1867, o Canadá tornou-se independente do Reino Unido.

Ou seja, de 1608 até 1867 era caco de gente pra todo lado. Foram mais de 259 anos de disputas constantes, o que acaba deixaram marcas profundas para ambos os lados.

Os atritos entre a população francófona do Quebec e os anglófonos do resto do país, só diminuíram, e por algum tempo, após a independência do Canadá.

RESQUÍCIOS DA COLONIZAÇÃO

A minoria anglófona no Quebec continuou a dispor de escolas protestantes que ensinavam em inglês. Entretanto, o mesmo não ocorreu em várias cidades no resto do país, onde as minorias francófonas. Que infelizmente, não tinham direito de receber educação em francês.

O que gerava, inquestionavelmente, conflitos entre os francófonos quebequenses e os anglófanos do resto do Canadá.

Em suma, Compreende agora os motivos do ranço do inglês? Porém, a gentileza quebecois, é bem maior que tudo isso.

DICAS DE QUEBEC, CANADÁ

Rio Saint Laurent

A IMPLANTAÇÃO DA PROVÍNCIA DE QUEBEC

Apenas em 1960, quando o Partido Liberal do Quebec ganhou as eleições que eles conseguiram fazer reformas importantes para a cultura francesa da região, período conhecido como a Revolução Tranquila.

Além disso, a província adotou o termo nacionalista Québécois (“quebequense”) como gentílico, em substituição à expressão Canadien français (“canadense de origem francesa”).

Em 1963, já tinha se tornado uma grande fornecedora de energia elétrica e todas as companhias de eletricidade privadas que produziam eletricidade na província foram adquiridas pelo governo do Quebec.

Talvez, por esse motivo que até hoje ninguém paga luz no país. Um benefício incrível uma vez que o país necessita tanto de aquecimento, né?

Será que se estocarmos o ar, conseguiríamos isso no Brasil?

Quebec de hoje

Por consequência, o nacionalismo québécois , ou quebequense, cresceu bastante.

QUEBEC, CANADÁ

Planícies de Abrahão, Quebec – Canadá

Em 1967, Montreal sediou a Feira Mundial de 1967, onde vários chefes de estado compareceram, entre eles, o presidente da França, Charles de Gaulle, sim, aquele do aeroporto de Paris. De Gaulle fez um discurso à população da cidade no qual expressava aparente simpatia a um Quebec independente.

Ao terminar seu discurso, de Gaulle pronunciou Vive le Québec libre (Viva o Quebec livre). Sendo pesadamente aplaudido pelas pessoas que o assistiam, e pesadamente criticado pelo então primeiro-ministro do Canadá.

Motivo pelo qual vimos a está